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Nossa nova câmera de campo 4.75×6.5″
Recentemente, recebemos algumas doações de equipamentos fotográficos do amigo fotógrafo Jonas Chun. Entre todas as preciosidades que ainda preciso colocar para funcionar, tinha essa linda câmera de madeira dobrável, um pouco suja de pó mas em ótimas condições. Fiquei animado imediatamente pois é uma câmera super portátil e estava completa e com três chassis duplos para placa de vidro. Bem em hora, pois estamos nos preparando para fazer fotografias em calótipos e em placa úmida em viagem.
Aproveitei para pesquisar um pouco sobre suas características e descobri que o tamanho do negativo de 4,75×6,5 polegadas (aprox. 12×16,5cm) é conhecido como “half-plate” ou “cabinet”. Era um formato comum para retratos pois gera uma imagem positiva por contato de um tamanho bom para um porta-retrato. Creio que originalmente, ela foi concebida para se utilizar placas secas de vidro, e não as placas úmidas de colódio que eu tenho o interesse de usar. Mas tudo bem, funciona!
Este tipo de câmera é conhecido como “field camera” ou câmera de campo. A característica principal é a portabilidade, pois viram uma compacta maletinha (esqueci de fotografar ela dobrada!). Elas possuem menos movimentos do que uma câmera técnica de trilho, mas ainda sim, são bem versáteis.
É muito provavel que esta câmera seja uma cópia das famosas Deardorff inglesas, que até hoje são fabricadas de forma impecável e nada baratas. A única identificação da câmera é uma pequena placa na parte posterior que contém caracteres chineses (também usados por japoneses) e coreanos. Perguntei para um amigo japonês “mesmo”, e não que nem eu, o que poderia ser lido. Este amigo é o fotógrafo Tatewaki Nio que utiliza uma câmera semelhante em seu trabalho. Ele conseguiu identificar o local de fabricação na cidade de Suncheon, na Coréia do Sul. Um colega do grupo “Collodion Bastards” do Facebook, Gerald Figal, também identificou a mesma cidade e tem uma teoria boa sobre a câmera:
Eu encontrei o mesmo local Suncheon (Junten em japonês). Meu palpite é que esta é uma câmera pré-Segunda Guerra Mundial produzida por uma empresa japonesa na Coreia colonial. Coreanos não estavam fazendo câmeras como esta ao meu conhecimento. Faz sentido que é uma câmera japonesa feita enquanto a Coréia era uma colônia do Japão. O nome da empresa “Tōnan” (Sudeste) soa muito bem como um nome do Império Japonês. Ela pode ter sido elaborada por coreanos, mas sob uma empresa japonesa na Coreia colonial.
Essa história me faz imaginar o tanto que uma câmera desta idade “viu” em sua vida. Também fico contente de continuar a dar uso a esta guerreira!
As duas únicas coisas que tive que fazer nela, fora a boa limpeza, foi colocar uma lente e fazer um adaptador para encaixar o tripé. Essas câmeras usavam um sistema muito estranho de tripé. Acho que isto nem seria um problema, mas veio faltando alguma peça para conectar a câmera na cabeça do tripé. O que eu fiz foi cortar uma madeira e encaixar uma “porca-garra” com rosca de 1/4 e arranjar um jeito através de pequenos pitões de metal de fixar esta base de madeira na câmera. Deu super certo e com a vantagem de não ter sido necessário fazer nenhuma modificação na câmera. Ela ainda está original.
Já a objetiva que estamos usando por hora é na verdade uma objetiva para ampliador. É uma Rodenstock 150mm f/5.6 que também faz parte da doação do Jonas Chun. A placa de suporte da lente foi feita com papel de passe-partout e pintada de spray preto. Como é uma lente para ampliador, ela não tem obturador. Para nosso uso com calótipos e placa úmida, isto não é um problema pois as exposições tem sempre mais do que 1 segundo, indo até 15 minutos. Assim, é só abrir e fechar a tampinha.
Olhem esta imagem em placa de vidro que fizemos com esse conjunto:
Pra acabar este post, quero agradecer novamente o amigo fotógrafo Jonas Chun! A câmera está sendo super bem cuidada e fazendo o que faz melhor, fotos! Ela está sendo super útil. Muito obrigado.
Vejam o site deste ótimo fotógrafo social: http://www.jonaschun.com
Bom ressaltar, que em nossos cursos fotográficos, os alunos tem a chance de utilizar muitos dos nossos equipamentos!
Abraços,
Roger Sassaki
Atualização 1, 30/05/2013: Graham Vasey, também do Collodion Bastards do Facebook, me passou o link para as imagens de sua camera, bem similar a esta. Nas fotos dá pra ver como que é encaixado o tripé original. Cada uma das três pernas é presa individualmente diretamente na base redonda de metal. Agora que eu entendi porque a base é tão estranha. Mas faz todo o sentido. Veja as imagens no site: http://gallerinadarlington.blogspot.co.uk/2013/01/a-day-in-life-ofgraham-vasey.html
Comentários
4 respostas para “Nossa nova câmera de campo 4.75×6.5″”
Boa tarde
Alguém teria o projeto de uma camera de madeira para fotografia com colódio umedo,ou mesmo saberia onde encontro para comprar uma .
Grato
Herculano
Olá,
É muito raro encontrar uma câmera original do século 19, própria para colódio úmido. O mais comum é encontrar alguma câmera do início do século 20 feitas para placa secas.Outra opção é comprar uma camera de grande formato moderna e adaptar o chassi para receber placa úmida/seca. É uma modificação fácil e barata.
Para comprar câmeras, o melhor é procurar no Mercado Livre ou Ebay. Pode também ficar de olho das feiras de antiguidades ou em fotógrafos mais velhos de cidades pequenas, eles costumam ter equipamentos antigos encostados.
Abraços!
Roger
Olá,
Veja também o Livro do Alan Greene sobre construção de cameras para calótipos, serve para colódio úmido com algumas modificações no projeto.
Link para o livro na amazon:
Primitive Photography: A Guide to Making Cameras, Lenses, and CalotypesAbraços!
Esta câmera da fotografia é baseada nas construções inglesas. O que a caracteriza à principio é o encaixe do tripé. Existem muitas câmeras destas feitas na Índia. Eu tenho uma deste modelo, inglesa. Estou fazendo uma maior, deve ficar entre 24×30 e 30×40. Vou usar cerejeira na confecção. O material para o fole é que não está fácil. Deixou de ser vendido nos EUA.
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